Abriu ontem a coletiva no Museu da Pampulha.
A proposta desta mostra é revelar o processo de trabalho e a pesquisa realizada durante este ano pelos dez artistas bolsistas. E ainda dar dicas ao público do que poderá ser encontrado na cidade em dezembro. Pois será apenas em dezembro, no dia do aniversário da cidade de Belo Horizonte, a exposição do resultado final.
Claro que muitos outros resultados sem final já estão em andamento, assim como este blog sobre minha experiência de acolhida em Belo Horizonte.
Mas se você foi ao museu e encontrou lá este endereço, gostaria de avisá-lo de que este blog não é o meu único projeto desenvolvido durante a Bolsa Pampulha. Como diz aí ao lado, este é um modo de estar na cidade. Assim estando, continuei trabalhando e buscando um trabalho que tocasse em questões de moradia, desterro e acolhida numa escala mais abrangente.
Apresentei então, há quase um mês, o projeto da obra de permeabilização do muro. Porém, ele depende de aprovação e esta ainda não veio. O meu projeto parece ser o único ainda pendente. Ele ficou enroscado num entrave político-administrativo-burocrático, um limbo confuso e obscuro do qual talvez nunca saia. Talvez não me deixem fazer. Ou talvez demore demais até que chegue uma resposta oficial e seja tarde demais para que eu consiga fazê-lo.
Ao que tudo indica, este trabalho toca em questões incômodas e sua realização seria inconveniente. Mas então a encomenda por uma pesquisa sobre o espaço público não está aberta a discussões sobre o uso deste espaço?
Nesta edição da Bolsa, não podemos ocupar o museu com nossos trabalhos finais, nem se o interpretarmos como espaço público. Fomos lançados à cidade. Não era de se esperar então que muitas das propostas abordariam questões políticas presentes no espaço público?
Não havia temas previstos ou proibidos no edital. O desafio era morar um ano na cidade e desenvolver um ou mais trabalhos a partir desta vivência.
Tudo que fiz até agora foi responder à estrutura – ou a falta dela – que nos foi oferecida. Passar seis meses sem casa e pensar numa obra de permeabilização do muro só podiam surgir do embate com a Bolsa Pampulha e com Belo Horizonte.
Enquanto a autorização não vem nem deixa de vir, faço uso deste blog como meu espaço público possível. E sigo torcendo para que tudo dê certo.
Será que neste Castelo também não haverá final?
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