o fim do castelo

Gerstäcker, irritado e esgrimindo com a mão como se quisesse silenciar de longe a gerente que o importu­nava, convidou K. a ir com ele. A princípio não quis entrar em maiores explicações. Mal prestou atenção na objeção de K. no sentido de que agora precisava ir à es­cola. Só quando K. resistiu a ser arrastado por ele é que Gerstacker lhe disse que não devia se preocupar, K. iria ter tudo de que precisava na casa dele; podia dispen­sar o posto de servente de escola; K. podia finalmente ir com ele; Gerstacker tinha passado o dia inteiro à es­pera dele, sua mãe não tinha idéia de onde ele estava. Cedendo lentamente, K. perguntou por que, afinal, Gerstacker queria lhe dar casa e sustento. Este deu apenas uma resposta fugidia — precisava da ajuda de K. com os cavalos, possuía então outros negócios, mas agora K. não devia, por favor, se deixar arrastar assim por ele, nem lhe causar dificuldades desnecessárias. Se estivesse querendo pagamento, ele iria providenciá-lo também. Mas nesse ponto K. estacou apesar de puxa­do. Ele não entende nada sobre cavalos. Não era preci­so, disse Gerstacker impaciente, juntando as mãos de raiva para mover K. a ir junto com ele.
— Não sei por que quer me levar consigo — disse K. finalmente.
Para Gerstacker era indiferente o que K. sabia ou não.
— Porque acredita que eu possa obter de Erlanger alguma coisa a seu favor — acrescentou K.
— Sem dúvida — disse Gerstacker. — Por que ou­tro motivo eu me importaria com você?
K. riu, se pendurou no braço de Gerstacker e se deixou conduzir por ele através da escuridão.
A sala na cabana de Gerstacker estava iluminada fracamente só pela chama do fogão e por um toco de vela, sob cuja luz alguém, inclinado num nicho debai­xo das traves do teto, que ali se projetavam oblíquas, lia um livro. Era a mãe de Gerstäcker. Ela estendeu a K. a mão trêmula e o mandou sentar-se ao seu lado; fala­va com esforço, era preciso se esforçar para entendê-la, mas o que ela disse *

 
* Fim do texto. Leia o Posfácio para maiores explicações. (N. da digitalizadora).

(O Castelo de Franz Kafka)

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